quinta-feira, 3 de julho de 2008

O começo e o fim

É dia. Sei que há muito que se fazer, mas um misto de preguiça e desânimo toma conta de mim. Estou naqueles dias em que pode estourar a Terceira Guerra Mundial e eu não vou nem perceber.

Arrasto-me pelas ruas da cidade, alheio ao que se passa à minha volta. A multidão me cerca, mas eu continuo só. Sinto falta do dia em que me senti meu e podia assim me dedica a alguém.

Por caminhos, ruas e alamedas que desconheço, chego à minha casa. Minha casa... Seria bem mais de qualquer pessoa do que minha. Sinto-me um estranho nesse lugar, ou tento me sentir, para esquecer o que aconteceu.

Lembranças imundas espalham-se pelas paredes, quadros, sofás e camas. Tenho nojo delas e de mim mesmo. Aquele cheiro ameaçador impregna em minhas narinas e eu sinto como se não pudesse tirá-lo de mim. Corro. Corro o mais rápido que posso.

Deixo meu instinto me levar. Vou parar naquele lugar onde os homens covardes se refugiam. Acho incrível como meu corpo deseja isso quando deveria querer almoçar. Como há quem ofereça, mesmo que não seja de graça, sempre há quem receba. Olho, analiso a que mais me agrada e sussurro em seu ouvido o que quero.

Proposta aceita.

Entro naquele ambiente estranho, mas me sinto mais à vontade do que em minha suposta casa. Recebo mil e um afagos enquanto passo, mas não me importo de quem sejam. Sinto agonia e uma embriagez assintética que me deixa abaixo daquela realidade. Dou a mão àquela que escolhi para ser minha momentaneamente e me deixo levar.

Entro. Entro com tanta força que até ela que está acostumada reclama. Uso daquilo uma forma de externar minha angústia e raiva. Já com tudo à mostra, observo as marcas dos outros que já passaram. Compadeço-me e me torno mais passivo. Como uma loba, ela reverte a situação e me devora. Não consigo mais me mexer. Deixo-me levar novamente.

É noite. Já não conseguia ver bem antes, e agora não vejo mais sentido em nada. Só o que quero é me libertar, fugir, sumir. Quero sair dessa carcaça em que estou preso. Dou o que ela realmente quer de mim e vou embora. Sigo novamente por qualquer caminho em direção ao nada.

Chego ao topo. Todos prefeririam chegar mais alto, mas eu quero chegar ao fim e não sentir mais nada.

Caio.

E me sinto meu novamente.



















P.S.: Ah-ha! Eu não escrevo só sobre mim, viu? Hehe xD

2 comentários:

Guilherme Crubellati disse...

Olha só! Fez a estréia em textos impessoais com uma bela peça xD Gostei ^^

Anônimo disse...

Sei sei, sei como é.
Gostei muito do escrito moça. =)

Bjão.

=**