sábado, 16 de novembro de 2013

Só uma observação

Eu pensei que o ponto disso tudo é que a gente se veja. Não encontro sentido na pompa e circunstância vã de todo um ritual, com o objetivo de deixar tudo cada vez mais ralo.

O que eu mais quero é me livrar na máscara que uso todo dia para não assustar e não ser assustada. Ela pesa, agride, cansa. Se não tenho uma pausa onde posso deixar meu rosto se abrir para quem eu me sinto afiliada, é melhor que eu deixe meus sorrisos trancados entre quatro paredes. Elas machucam bem menos que a opressão do baile da alegria forçada.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Salientando o óbvio (de novo): Gente offline me agrada




Eu sei que esse assunto é meio velho, mas muita gente não se tocou ainda.

Uma das coisas que me deixa mais fora do sério é estar com um grupo de pessoas e ter alguém, ou vários “alguéns”, usando excessivamente seus celulares. Falando com outras pessoas, como se as que estão ali não fossem boas o suficiente (então, por que veio?). A minha vontade é de gritar “SÉRIO?”. Até grito, se tiver alguma intimidade com as pessoas ao meu redor. Porque isso, sim, é um problema sério.

A tecnologia pode integrar, mas também nos isola. Isso ninguém pode negar. Tanto pelo fato de você conhecer pessoas de outros lugares distantes e não poder vê-las, quanto pela praticidade e preguiça da conversa online, que substitui pobremente a conversa cara a cara. E esse último é o que mais me preocupa.

Se você prefere conversar com as pessoas online que “ao vivo”, deve haver algo errado no seu comportamento. Dividir o seu eu em “eu off” e “eu on”, deixando o “eu on” ser o mais simpático, divertido e sincero, chega a ser ridículo. Você não precisa de uma máquina para mostrar a melhor parte de si.

Ainda há o problema da imagem que você cria do outro online. Saber quem é alguém de verdade com convivência presencial já de difícil, imagine só conversando por Facebook, Whatsapp, Skype, Twitter, Instagram, Tumblr, ou seja lá a plataforma online que se use. Você que se perguntar se você gosta da pessoa ou do que você pensa que ela é.

Por isso, usufrua o máximo que puder do seu tempo offline. Passeie, brinque, olhe no olhe. Estude expressões faciais e se delicie com doces e novas gesticulações. Nós sabemos que a internet é um universo onde coisas mais inesperadas podem acontecer. Mas o mundo está aqui fora pra mexer com todos os teus sentidos.  Mais do que um tela de computador ou celular pode fazer.
Estapeie-se de realidade fora de uma plataforma eletrônica. Acorde.


P.S.¹: Posso até estar sendo hipócrita. Mas se já fiz isso, por favor, me desculpem. Estou curada.

P.S.²: Perdoem minha geladeira. Ela não sabe o que faz.
P.S.³: Talvez esse seja o texto mais objetivo que já escrevi aqui. Tenho medo.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Não tem comprovante

É nesse mundo cheio de prazos e datas marcadas para tudo acontecer que eu me perco. Não por irresponsabilidade, mas for falta de saúde. Mas meu problema se confunde com o que as pessoas chamariam de preguiça. Como explicar para uma pessoa “comum” que eu não fiz algo ou não fui para algum lugar porque eu não quis e não me deu vontade? Mesmo que essa minha ausência me prejudicasse, eu não fui. Quem entende?

É nesse mundo cheio de atestados é que eu me perco. Minha falta de saúde, meu desespero e minha independência forçada não me permitem mais mostrar que é comprovado cientificamente que, naquele momento, eu não consegui fazer o mínimo que me pedem. Não por falta de querer, mas por falha nos meus sistemas.


É no meu mundo e no mundo normatizado que eu me perco. Mesmo sendo dois caminhos diferentes. E dificilmente vou sair dos dois ilesa.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Goiânia

12 de agosto de 2012. Noite. Chegava a hora do meu ônibus chegar, então eu sai do shopping e fui para a estação de ônibus. Sentei sozinha, da mesma forma que estive e continuei na viagem toda. Sem muito o que fazer, comecei a lembrar do que havia acontecido.
Ok, eu tomei uma péssima decisão. Fugi, sim. O que poucos não pararam pra pensar foi o que aconteceria comigo se eu tivesse continuado lá. Quem iria me amparar? Quem saberia como me ajudar ali, quando eu não sabia mais lidar com minha própria mente? E quando eles mesmos não sabem lidar com as deles? Era uma situação fora de controle, onde só eu tive coragem de tomar uma atitude drástica. E claro, eu fui a culpada.
E julgada. Condenada na hora, mas de caso arquivado nas outras mentes. Só a minha mente se pune todos os dias e lembra o que disseram sobre o acham que sabem sobre mim. Nunca quiseram olhar de perto e ver o que realmente acontece. Logo, só o esboço pervertido de mim os basta para o veredicto.
Mesmo longe do que machucava, aquilo me atingiu novamente. E eu desabei de novo. Comecei a chorar na estação, agarrada a minha bagagem, olhando com meus olhos embaçados pras pessoas que mal se importavam com o que aconteciam com elas mesmas, imagine comigo. Estar tão longe de casa e tão longe de qualquer coisa que eu conhecia me fez cair em um vazio tão grande como eu nunca tinha sentido antes. Uma solidão nova. Que eu nunca mais quero provar.
Uma senhora passa por mim e pede esmola. Ela não tinha visto que eu estava chorando e se assusta. Eu dei alguns trocados e ela disse “Que Deus lhe abençoe e que dê tudo certo na sua vida.”. Só balancei a cabeça. E assim eu espero que aconteça. Mesmo que naquele momento eu tivesse caído e esquecido do que vinha a seguir.
Demoro um pouco, mas chegou o ônibus. Embarquei logo, pois queria deixar Goiânia para trás. Queria deixar lá o peso de ter sido apontada sem que os outros pensassem pelo menos um pouco no que estavam fazendo. E nem que estavam atirando em quem já estava ferida.

Não importava mais. Eu estava partindo. A esperança começaria em 1 dia. Um sorriso acolhedor e um abraço sincero me esperavam.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Verdades infantis

Quando eu era criança, mas bem nova mesmo, eu acreditava que os adultos tinham certeza que as coisas iam dar certo ou errado. Todos os que viviam à minha volta mostravam uma segurança tão grande de si e do que afirmavam que eu achava que, enquanto você crescia, você aprendia como tudo funcionava e podia prever os acontecimentos. Quando minha mãe me dizia “Vai, você não vai se cair.”, quando eu estava começando a andar de bicicleta, eu acreditava piamente que ela havia calculado exatamente, de alguma forma, que eu já estava apta a andar sem cair. Mas claro, eu caia e me irritava bastante.

Com o tempo, eu fui ganhando raladuras e ferimentos mais graves. Fui vendo que as professoras nem sempre podiam me garantir que meus “coleguinhas” não iam me bater (péssimo e apelativo citar bullying, né? Mas foi o que lembrei, fazer o quê?). As pessoas nem sempre sabiam se coisas iam cair ou não. E isso foi me deixando com muita raiva e bastante confusa. Como alguém pode crescer sem ter certeza de nada? Por que elas tentavam me ludibriar com palpites bestas? Por que não diziam somente que não sabiam?

Agora, um pouco mais velha e um pouco mais consciente das coisas, vi que ter insegurança é normal. Ninguém nunca tem certeza de nada e nem deve ter. Você não tem controle sobre nada na sua vida. Você sabe disso! Qual a necessidade de dono da verdade? Pra você a ver cair e se ver obrigado a admitir que estava errado? Ah, esqueci que você pode inventar argumentos que vão ser totalmente contraditórios e mirabolantes, mas que podem convencer os mais desatentos. Uma mentira bem contada e contada várias vezes se torna verdade, não é? Já dizia um homem bem sábio.*

Talvez eu quebre minha cara de novo (já que não tenho certeza de nada), mas hoje eu posso dizer pra mim mesma e pra quem quiser ouvir: Verdades absolutas servem somente pra quem tem muito medo de viver. E eu tinha. Quando tinha 5 anos, claro. Continuo com medo (bem menos, claro), mas agora a insegurança é algo que eu tenho que aceitar. Eu não posso viver como quem tem medo que o sol lhe queime e que a conta de luz chegue mais alta. Eu prefiro viver sem muitas certezas e tentar trabalhar com o que está vigente. Se o inesperado me acertar, pelo menos não vou me chocar tanto.

Eu queria poder dizer isso tudo pra Isoldinha de 5 anos, totalmente zonza com o mundo. Mas ela precisa desse susto. Ela precisa crescer. E ela, com muito esforço, vai aprender a viver sem se prender a alicerces que só tendem a quebrar. Ah, se vai!





*Muito sábio e maléfico: Tio Hitler.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A lágrima alheia

Outras coisas me fizeram começar o dia enxergando tudo com uma sombra que vai demorar sair da minha vista. Seja minha alma que insistiu em não querer voltar pro corpo, sejam palavras jogadas no ar de quem acha que conhece cada partícula de ar que lhe rodeia. Até ai, nada que me fizesse querer chorar, correr pra bem longe e não querer voltar tão cedo, com vergonha de encarar a mim mesma. Mas ai eu entrei no ônibus. Minha única preocupação até aquele momento era chegar ao trabalho menos atrasada do que eu estava. Até que, um pouco antes de chegar meu ponto, eu olhei pra um garoto do meu lado e vi o que ele esperava que ninguém visse: Uma lágrima. Só uma, tímida, que escapou do olho dele sem que ele quisesse. Ele olhou pra mim assustado, mas ao mesmo tempo com um olhar que bastava um pouco de atenção para que lhe dissesse uma longa história. Percebi isso num milésimo de segundo, e nesse pouco tempo, tive que decidir entre descer do ônibus e pegar o próximo, ou abraça aquele garoto e perguntar o que o machucava tanto a essa hora da manhã. O que eu escolhi? A covarde opção de qualquer um. Sai no meio da manada apática e me senti mais uma. Com a diferença que eu segurava lágrimas que não eram minhas. Sentido a irresponsabilidade de quem se deixou levar pelo mais fácil. Pelo comum. Por esse mecanismo em que eu me enfiei pra talvez me livrar de outros. E assim eu segui pro meu trabalho. Não o odeio, muito pelo contrário. Mas hoje eu queria ser desempregada, ou menos mais livre de qualquer obrigação de horário. Poderia ter feito aquele garoto se sentir melhor e ter me feito sentir melhor. Passei a manhã inteira fingindo estar bem (aliás, minha especialidade), enquanto minha consciência pesava e minha visão ficava turva, encharcada, toda vez que eu lembrava. Não era só o menino. Era eu. Era tudo que eu dizia que não iria deixar pra trás. E de repente, deixei. Ainda segurando o mesmo choro de quem eu nem conheço, é que eu digo: Essa vida de negligência com o que realmente importa está com os dias contados. Na minha mente, só o que resta é o foco pra que tudo isso acabe e eu possa parar de ignorar as lágrimas dos outros. E as minhas também.