sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Algo perdido

Corpo, espelho de minha falha
Tentas arrastar minha alma à tua farsa
Mas antes que me leves para a mais destilada desgraça
Irei desatar-me de tuas correntes de avareza

Caio nas mais tolas armadilhas de carne
E mesmo que eu escape sagazmente
Tu usas outros prisioneiros para me julgar
Usufruis da minha própria lama para me afogar

Triste fase de vangloriada efemeridade
Tantos choram partindo
Tantos choram para não partir
E eu imploro por forças para merecer sair
Herculeamente não posso seguir
Antes que queira forçar uma errônea saída

Tortura nauseante é encarar-me entre as pratas
Deus, como pude ser capaz de tal selvageria?
Transformei razão em veneno
Em vez de coragem, usei de covardia
Para ofender, sem qualquer lampejo de lucidez
Quem tanto bem eu queria

Agora, seguindo em meu baile de doces máscaras
Espero perdão, mesmo que seja improvável
Não de quem perfurei a chaga já aberta
Que, aliás, já me perdoara... Minha doce criatura
Mas espero perdão de quem vê a própria chaga apodrecer e não faz nada
Rogo o perdão a mim mesma, mas me nego a me deixar ir
Prefiro ver a dor do que negligenciar minha culpa