quarta-feira, 27 de março de 2013

Verdades infantis

Quando eu era criança, mas bem nova mesmo, eu acreditava que os adultos tinham certeza que as coisas iam dar certo ou errado. Todos os que viviam à minha volta mostravam uma segurança tão grande de si e do que afirmavam que eu achava que, enquanto você crescia, você aprendia como tudo funcionava e podia prever os acontecimentos. Quando minha mãe me dizia “Vai, você não vai se cair.”, quando eu estava começando a andar de bicicleta, eu acreditava piamente que ela havia calculado exatamente, de alguma forma, que eu já estava apta a andar sem cair. Mas claro, eu caia e me irritava bastante.

Com o tempo, eu fui ganhando raladuras e ferimentos mais graves. Fui vendo que as professoras nem sempre podiam me garantir que meus “coleguinhas” não iam me bater (péssimo e apelativo citar bullying, né? Mas foi o que lembrei, fazer o quê?). As pessoas nem sempre sabiam se coisas iam cair ou não. E isso foi me deixando com muita raiva e bastante confusa. Como alguém pode crescer sem ter certeza de nada? Por que elas tentavam me ludibriar com palpites bestas? Por que não diziam somente que não sabiam?

Agora, um pouco mais velha e um pouco mais consciente das coisas, vi que ter insegurança é normal. Ninguém nunca tem certeza de nada e nem deve ter. Você não tem controle sobre nada na sua vida. Você sabe disso! Qual a necessidade de dono da verdade? Pra você a ver cair e se ver obrigado a admitir que estava errado? Ah, esqueci que você pode inventar argumentos que vão ser totalmente contraditórios e mirabolantes, mas que podem convencer os mais desatentos. Uma mentira bem contada e contada várias vezes se torna verdade, não é? Já dizia um homem bem sábio.*

Talvez eu quebre minha cara de novo (já que não tenho certeza de nada), mas hoje eu posso dizer pra mim mesma e pra quem quiser ouvir: Verdades absolutas servem somente pra quem tem muito medo de viver. E eu tinha. Quando tinha 5 anos, claro. Continuo com medo (bem menos, claro), mas agora a insegurança é algo que eu tenho que aceitar. Eu não posso viver como quem tem medo que o sol lhe queime e que a conta de luz chegue mais alta. Eu prefiro viver sem muitas certezas e tentar trabalhar com o que está vigente. Se o inesperado me acertar, pelo menos não vou me chocar tanto.

Eu queria poder dizer isso tudo pra Isoldinha de 5 anos, totalmente zonza com o mundo. Mas ela precisa desse susto. Ela precisa crescer. E ela, com muito esforço, vai aprender a viver sem se prender a alicerces que só tendem a quebrar. Ah, se vai!





*Muito sábio e maléfico: Tio Hitler.