sábado, 22 de maio de 2010

Ana: Falida e Opaca

Ana, tu te lembras?

Um dia, quanto tu querias fazer de teus olhos centro do universo e construir ao redor deles uma imensidão de cores e sentimento, te disseram que era tolice querer brilhar. Fizeram-te opaca quando tu emanavas luz e calor, podendo iluminar até os mais distantes.

Tu perdeste cor, Ana.

O vento, viajante e sombrio, levou com ele o pulsar de tua voz e o som de teu abraço. Agora tu, como qualquer outro objeto, precisas ser iluminada para que alguém veja que tu ainda existes. Aqueles que da escuridão vieram e escuros permaneceram fizeram de ti fonte de sorriso efêmero. Quando tremiam ao rir de ti, na verdade eram suas entranhas que estavam se retorcendo ao lembrar de suas próprias mazelas.

E tu pensavas que a errada era tu, Ana!

Deixaste o mundo te devorar para que tu virasses massa. E hoje tu vês que todos desejam ser foco, e não parte. Fizeram de ti exatamente o que queriam: Tornaram-te transparente, Ana, para que não vissem que tu valias a pena. Tu nasceras luz, e eles não suportaram a ideia de não terem nascido do mesmo jeito.

E agora tu só querias iluminar um só ser.

Com que forças tu fará isso, Ana?



P.S.: O texto original não tinha esse final. Mas fazer o quê? O vento e nem a massa perdoam.