terça-feira, 26 de agosto de 2008

Aviso de consenso

G., tá tudo bem agora.
Eu não fui embora e eu a mamãe conversamos e vimos que ambas as partes tem que mudar. Citamos essas mudanças e nos comprometemos em cumprí-las.
Eu espero, do fundo do meu coração, que isso dê certo, porque o aviso foi dado: Se ela não mudar, eu faço o que eu não fiz hoje.

Não se preocupe! Tá tudo bem!

Beijo!


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Só postei isso pra prestar contas pra quem tava preocupado por causa do meu post anterior.
Desculpa o susto, queridos! Agora vai ficar tudo bem!



Pelo menos eu espero...

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Pais,

Já chega! Foi demais pra mim! Podem tirar tudo de mim, mas não minha vontade de viver, como estão fazendo agora. Eu não vou ficar aqui ouvindo absurdos e sendo humilhada todas as vezes que cometo um deslize ou até quando eu nem tenho culpa. Ter que ouvir todos os dias que sou inútil da pessoa que você mais ama no mundo tira minha vitalidade pouco a pouco. Antes que tirem o que ganhei de melhor de Deus, eu me retiro, já que não presto pra nada pra vocês.

A verdade é uma só: Vocês sempre quiseram que eu fosse perfeita, para cobrir seus erros e os de outrem no passado. Mas isso não existe! Eu não sou perfeita! E não vou ser agora, e nem serei do jeito que vocês querem! Se eu sou extremamente falha hoje em dia, é porque eu odeio a idéia de perfeição de vocês. No dia que eu me for, eu tenho certeza que serei uma pessoa melhor. Cansei de esperar que esse momento chegasse. Ou é agora ou nunca. Se for mais tarde, sinto que irei morrer por dentro.

Talvez isso nem seja um adeus. Gostaria muito que não fossem me procurar, mas se forem e me acharem, paciência! Mas se não, talvez eu volte pra dizer como estou e para matar a saudade dos amigos que vou deixar aqui.

Talvez não dê certo. Talvez eu seja morta, violentada ou estuprada no caminho. Talvez morra de sede ou de fome. Mas tenham certeza de uma coisa: Só o fato de me ver e me sentir livre por um momento já vai ter valido à pena.

Finalmente serei feliz... Mesmo que ninguém se importe com isso.

Beijos! Nos veremos quando Deus quiser!

Isolda

P.S.:

- Mãe, eu te amo! Estou indo embora pra não perder esse sentimento.

- Pai, continue me ignorando. Siga sua vida e seja feliz.

- Irmão, continue assim! Por tudo que você passou e nos fez passar, você merece ser feliz, se dar bem na vida e nos mostrar o resultado. Ainda falta muito, mas você consegue! Eu acredito em ti!

- Amigos, principalmente os verdadeiros irmãos que fiz no meu ex-colégio, R., H.V., V., P., H.M. e G.: Vocês são o bem mais precioso que eu tenho, igualando à minha própria vida. Com vocês eu aprendi a amar os outros como a mim mesma. Levarei vocês comigo pelo resto da eternidade.




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Se esse texto é pessoal? Ô se é...



Até outra hora, pessoal!

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Mãe?

Eu tenho um sério problema. Sei que ele não é o único, mas esse é ridículo! O que acontece é que, mesmo fazendo sexo com camisinha, eu morro de medo de ter engravidado. Enquanto minha menstruação não chega, eu fico louca, achando que destruí minha vida, colocando mais uma pessoa nessa zorra que nós chamamos de Terra. Mas hoje, mesmo aliviada por isso não ter acontecido, me senti péssima por ter desejado tanto que isso não acontecesse ao ponto de querer sumir.

Tive uma relação sexual recentemente, muito bem protegida, diga-se de passagem. Mas, algumas horas depois que isso aconteceu, comecei a me torturar, pensando estar grávida.

-- Meu Deus, o que vai ser de mim? Estudante que nem na faculdade está ainda, não sabe nem o que vai ser da vida, não tem nenhum emprego, mora só a mãe que com certeza lhe apedrejaria pelo que fez e não tem a mínima condição psicológica, cronológica e financeira de ter um filho?

Fiquei com isso na cabeça o mês todo. Não queria nem ouvir de sexo, só por causa idéia maluca.

Mas de ontem pra hoje, tudo mudou.

Depois já ter passado um tempo com essa idéia na cabeça e já estar quase convencida que estava totalmente ferrada, tive um sonho totalmente insano. A história é a seguinte: Eu estava tendo um caso com um homem muito estranho, desse tipo altamente machista e autoritário, com aquele ar sombrio que assusta qualquer um. Estávamos eu e ele passando o final de semana numa casa de praia em Luís Correia, cidade do litoral daqui do Piauí.

Numa certa ocasião, nós estávamos almoçando num restaurante, quando eu fui ao banheiro. O lugar era grande, mas era nojento ao extremo: chão sujo, pias entupidas e cheias de cabelo, vasos sanitários com coisas dentro que até Deus duvida, etc. Tirei na bolsa um desses exames de gravidez de farmácia, que é só mijar em cima que ele determina, mudando de cor ou com qualquer outro artifício parecido. Entrei numa daquelas cabines grotescas, fiz o serviço com o maior cuidado de não triscar em nada e esperei. Resultado: Grávida!

Sai correndo louca pelo banheiro, dizendo não acreditar nessa ironia do destino e xingando tudo, aos berros. As mulheres que estavam lá tentaram me acalmar, mas não adiantou muito. Sai do local fumaçando de raiva.

Cortando pra outra cena, estou recebendo na casa uns amigos do meu “marido” que iriam passar dois dias com a gente: Amy Winehouse e Quentin Tarantino (viajei na maionese). A Amy estava muito cabisbaixa, por ter sido obrigada a se separar do Blake e se casar com o Tarantino, por motivos que eu desconhecia (e desconheço). Cheguei a perguntar pra ela se estava tudo bem, e ela respondeu, com o mais forçado português que eu já havia visto:

-- Eu estou bem. Está tudo bem.

Deixei isso pra lá.

De repente, muda pra uma cena em que o Tarantino está pendurando quadros com fotos da Amy na parede do quarto onde eles iriam dormir aqueles dias. Ela ficou apenas olhando aquilo, sentada na cama, prendendo o choro.

Outro local. Agora, eu estou passeando terraço da casa e me ponho na ponta dos pés para ver o mar, já o muro que cercava a casa era bem baixinho. Vi que a maré já estava a uns 20 metros da casa. Olhei pro lado e vi que minha mãe também estava lá, olhando o mar. Ela já conhecia o local, então eu perguntei.

-- Mãe, a senhora sabe se a maré vem até no muro ou só fica por ali mesmo?

Ela nem olhou em minha direção. Fez uma cara de tédio e desgosto e continuou olhando pro mar. Depois de uns 3 minutos, ela respondeu:

-- Às vezes ela até cobre o muro!

Virou-se e foi embora.

Como instinto, me afastei do muro. Fiquei na parte lateral do terraço, quase em um corredor. As ondas já tinham chegado ao muro e já ameaçavam cobri-lo. Fiquei imóvel. As ondas passaram por cima do muro e a água escorreu até chegar a meus pés. Fiquei ali, imóvel. Tive um súbito desejo de sentir o que o mar queria de mim e fiquei. As ondas foram aumentando. Já estavam mais altas do que eu. E sempre aumentando. Aquela força me enchia de um sentimento que eu não sei explicar. E então, eu sabia que a próxima onda me levaria pra longe. E eu fui com ela.

Fui arrastada pelas águas do mar por aquele corredor, perdendo o oxigênio e a consciência. Queria continuar assim. Só assim estaria livre. Bati numa parede, mas seria arrastada de novo. Até que alguém me puxou pela mão.

Com as últimas forças que me sobravam, olhei pra saber quem estava me salvando. Para minha maior surpresa, era o D. E atrás dele, o G., a V. e o H., fazendo uma corrente humana para me puxar de volta.

Abro os olhos. A maré ainda está correndo, mas eu estou a salvo, na varanda alta da casa. Ao meu lado, todos os meus amigos me olham, preocupados. Quando eu abro os olhos, todos correm pra saber se eu estou bem. Falei que sim, pois era o que parecia.

Logo após disso, acordei aqui em Teresina, na hora de ir me arrumar pra ir à escola.

Na escola, fiquei pensando no que isso poderia significar, mas não tive nenhuma idéia.

Numa certa hora, pedi pra ir ao banheiro. Chegando lá, quando desço a calça, vejo o que mais queria: Sangue! Levantei as mãos pra cima e agradeci a Deus com uma alegria enorme e fui pedir um absorvente na coordenação quase saltitando. Então, deixei o assunto do sonho de lado, deixei o resto tempo passar no colégio e depois fui a um endocrinologista, que já estava marcado há muito tempo.

Chegando lá, o médico me diz que eu deveria ter emagrecido mais, porque eu tinha passado mais de um mês sem ir ao consultório dele e emagreci muito pouco. Ele disse estar preocupado com os problemas que isso pode acarretar, se eu continuar engordando e ficar obesa.

-- Baixinha, eu me preocupo porque você é novinha. Já pensou se tu fica grávida? Seria uma gravidez de altíssimo risco! Se você engordar mais e chegar a obesidade. E a grande maioria das mulheres obesas q ficam grávidas tem problemas seríssimos, como a Síndrome de Eclampsia, que se tem q escolher entre o bebê e a mãe.

Realmente, ele tinha razão. Se eu ficasse grávida, ou se eu estivesse grávida, como pensei estar por um bom tempo, o bebê correria riscos sérios, mesmo que eu não seja obesa. Fiquei pensando um pouco nisso, mas não liguei muito.

Mais tarde, na hora do jantar, tenho mais um briga com a minha mãe. Ela diz que eu estou comendo demais. Eu disse pela milésima vez que ela só vê o que ela quer e que ela não se importava com o que fazia pra tentar emagrecer, mas sim só com os resultados. Quase que imediatamente, ela citou vários gastos financeiros que ela tem por causa da minha dieta, e me chamou de ingrata e mal agradecida por não dar valor àquilo. E não dou mesmo. Ela pode até dar isso tudo, mas sempre acha que é frescura minha quando eu ando fraca e sem forças por ai, querendo desmaiar. Mesmo os médicos dizendo que é por falta de açúcar no sangue, ela acha que é porque eu comi demais. Mais do que cansada dessa ladainha, mandei-a ir cuidar da vida dela.

Logo após disso, jurei a mim mesma que não vou mais fazer nada que me pareça absurdo. Mesma que seja ordem da minha mãe ou lei federal, eu vou agir de acordo com o que eu achar melhor. E jurei também que não iria fazer regime enquanto ainda estivesse morando com a minha mãe. Algo impregnado na minha mente desde pequena não me deixa agir sobre pressão, principalmente quando o assunto é esse. Por isso, só farei sozinha.

O juramento não durou 3 horas.

Depois da briga besta, liguei a TV e fui assistir Dr. House. O episódio mostrava uma mulher que estava grávida e o bebê estava com problemas e iria matá-la se ela não o retirasse. Ela não o tirou de jeito nenhum, mesmo sabendo que ninguém sabia o que fazer para ajudar ela e o bebê. O House, claro, queria tirar a criança desde o início, mas a chefe dele não deixou, pois se identificou com a paciente.

Houve uma cena em que a equipe média decide abrir a barriga da paciente e fazer uma cirurgia no bebê, e quando o House abre o útero e começa a sugar o líquido amniótico, a criança coloca o braço pra fora e coloca a mão em cima da mão do House. E foi ali que ele se sensibilizou com aquele ser humano em desenvolvimento e com a mãe dele. Chorei bastante vendo isso.

O que me tocou nesse episódio foi o amor que a paciente tinha pelo filho que a estava destruindo e a coragem dela de continuar insistindo em deixá-lo ali e tentar viver também, mesmo sem quase nenhuma esperança. E foi por causa desse exemplo de amor materno a alguém que pode te destruir que eu me senti um lixo. Como eu pude ser tão mesquinha ao ponto de não querer que um ser humano exista? Como eu pude querer sumir e deixar meu filho em um lugar bem longe de mim? Como eu pude pensar em até fazer mal a ele?

Eu sei, ele não iria existir nem que quisesse. Isso agora seria desastroso pra todos, e como eu falei no começo, e eu usei camisinha e vou continuar usando para evitar doenças e filhos, mesmo que eu ainda fique como um medo sem fundamento de ter os últimos depois. Mas se ele vier daqui a uns tempos? E se daqui alguns anos eu venha a ficar grávida? Eu vou ter esses mesmos problemas dessa paciente do House e posso até morrer, ou pior, fazer com que meu filho morra? Não! Eu não posso fazer isso. Eu não posso deixar meu filho morrer por causa de birra e de falta de vontade. A vida dele é o que mais importa, mesmo que eu nem saiba se ele vai existir ou não. Por isso, de hoje em diante, eu vou cuidar de mim para poder guardar aqui dentro alguém que eu amo e zelo mais do que a qualquer outra pessoa, mesmo sem saber se ele vai chegar a existir. Eu o amo mais do que a mim mesma; se é pra que ele fique bem, eu vou me esforçar pra melhorar, mesmo que ele não veja a chegar.

É loucura? Pode ser.

Chamo de outra coisa:

Instinto materno antecipado.

Se não existe, eu inventei agora!