terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Ânsias e o óbvio a seguir

Hipocrisia. Palavra nenhuma descreve aquilo que demonstrei até meses atrás. Uma fingida adoração por alguém que nunca mereceu ao menos pestanejar no mundo em que vivemos, por pior que esse lugar seja. Mas parei. Continuo falha e arrogante, mas parei, por um fio de dignidade ainda me resta. Rastejei por aquilo por que todo ser humano briga desde o momento em que o vê, mesmo sem saber o tanto que aquilo irá destruí-lo. E tortuosamente estava me destruiu... Sentimento imundo de glória, de querer ser mais do que alguém por algo que se esvai como qualquer matéria mundana.
Sábia foi minha mãe, que me chamou de mercenária, golpista. Chorei, encenei ser a mais pura das criaturas, sendo umas das mais asquerosas. E até sofri, mas quem é que não sofre com a verdade? Já dizia alguém: A verdade dói! E doeu bastante, para ser sincera. Vinda da boca da pessoa que mais amo, não poderia ser diferente.
A cara dura veio à tona. Assumi à minha mãe que era realmente tudo aquilo que ela declarou, e que isso não era nada demais. Com o tempo, ela se acostumou com a idéia, apesar de não achar muito prudente. Mas do jeito que as coisas andavam... Óleo de peroba em meu rosto, então!
Mas então a coisa toda foi secando. Aquela peça estava se tornando um tanto quanto maçante para mim e eu não suportava mais interpretar o mesmo texto. Não fazia mais sentido, apesar de eu sempre querer sempre daquilo do que aquele ser tinha a me dar, mesmo que ele não desse de bom grado. Se ele ao menos soubesse o que é viver e não ignorasse o fato de estar tratando com humanos, se não os tratasse como se fossem reles subalternos dele... Talvez eu não carregasse esse sentimento que me queima por dentro, de tão frio e tenebroso que é.
Não posso dizer que não lutei para expulsar esse ser de perto de mim o quanto antes. Mas ele sempre encontrava um jeito de estar à cerca de mim, me dando mais e mais... E à cerca de minha mãe, quem sempre quis que não tivesse visto nada do que aconteceu esse tempo todo. Daria minha vida pra que ela não tivesse sofrido tanto e pra que ela não tivesse que me ver nesse estado.
E então, há pouco tempo atrás, eu parei. Jurei que não queria ver mais ver aquele ser de nenhum modo. Ele me julga inferior a ele, imagine só! Posso ser uma simples e frágil humana, que cai mais do que levanta, mas inferior a certo de gente eu não admito ser e nem sou. Se eu for a causa da desgraça da vida de alguém, me prove agora, e então eu pedirei perdão e ai farei tudo mudar, mesmo que isso me custe o último fio de cabelo. Mas disso esse não é capaz... Se faz de cego perante a merda que fez na vida de tanta gente e sorri para aqueles que só conhecem aquela carcaça que somente dança, e dança, e dança...
E cá estou agora, colocando esse meu sentimento tão vergonhoso pra fora, de que sou incapaz de dizer que um dia vai sair de mim. Nessa vida não, com certeza. Em numa outra, quem sabe. Ainda carrego uma carcaça muito pesada, e com toda sinceridade, mereço isso. Me chamem de louca o tanto que quiserem, mas a verdade é essa, mesmo que muitos não a enxerguem.
Talvez nem me chamem assim... Ninguém é tão normal que possa me julgar assim. Talvez me perguntem novamente aquilo em que só escuto e guardo a resposta pra mim, mesmo sem eu mesma não entendê-la muito. Me esquivarei novamente quando ouvir:
- Menina, como você consegue ser tão fria?