quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Síndrome de Prometeu

Quando sua vida começa a parecer uma música de pagode que remete a “amor” e álcool, você sabe o quanto está se tornando ridícula. Quando você negligencia as únicas coisas pra que está dando ao trabalho de fazer é que você sabe que precisa algo mais. No meu caso, pelo menos, sei que é. Nunca fui de deixar pra trás algo que é objetivo de minha vida, e quando acontece, é porque eu preciso de mais algo pelo qual tenho que seguir em frente. É quando você prefere ficar na rua ao ir pra casa que você percebe isso. Tentar encontrar motivo de qualquer coisa no fundo de um copo ou no filtro de um cigarro depois de um dia cheio é, no mínimo, deprimente. Não tem nada em casa, o que vou fazer lá? Ver o nada se despir na minha frente mais uma vez e me devorar devagar, sem pressa, porque sabe que eu não tenho mais o que fazer? Pelo menos ele me ignora um pouco quando estou fora, pensando que ele só fica no meu quarto, me esperando deitado na cama. Nem é. Quando eu olho pro lado, desolada, e ninguém entende porque, é quando estou olhando pra ele, rindo de mim e dizendo o que vai fazer comigo mais tarde. Quando fecho a cara até praqueles pra quem eu deveria sempre sorrir por fazer em meu dia melhor, é porque o nada me lembra que ele me acompanha mais do que todos eles. Não é culpa deles, é minha mesmo. Abraço-me com o nada até sem motivo, pois já me acostumei com ele. Até agora, ele não me traiu. Só me chama de tola mesmo, mas isso eu já sei que sou. Ele prefere que eu fique com qualquer um que me ache como o presente da noite, mas prefiro ele mesmo. É o nada que me fere, mas ele mesmo me cura, pra poder me ferir de novo. Não sei se aguentaria ser ferida por mais alguém. A cura pro nada seria outro alguém que deveria me dar, mas até agora só deram mais motivos pra o nada me devorar mais devagar ainda. Sacrifício tolo, eu sei. Mas pelo menos o nada me dá atenção.