tag:blogger.com,1999:blog-60583384419049087062024-03-05T15:45:23.659-08:00Logo eu que não queriaMais uma na multidão. Nada mais.Isoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.comBlogger48125tag:blogger.com,1999:blog-6058338441904908706.post-77508301352013918722015-06-02T00:51:00.002-07:002015-06-02T01:00:21.546-07:00Banco Universal do Limbo ©<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4GAo_1M5BzSjKmhjztMQITfbBr5w5YCZBjExawJwAOxHya0kLuukSRgK7AODHrM9IZjunu_g4V8zTpNSE9vyRydoaVUvHHQ61iEb1P5tbdtgflfb4dPbxfsk1evMS0Nik34rQSxXsHJU/s1600/image_2015-06-01_234415+%25281%2529_edited.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4GAo_1M5BzSjKmhjztMQITfbBr5w5YCZBjExawJwAOxHya0kLuukSRgK7AODHrM9IZjunu_g4V8zTpNSE9vyRydoaVUvHHQ61iEb1P5tbdtgflfb4dPbxfsk1evMS0Nik34rQSxXsHJU/s1600/image_2015-06-01_234415+%25281%2529_edited.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem meramente ilustrativa da moeda oficial do Limbo.<br />
Esqueci de contar pra vocês que desenho pra caralho.</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div>
<br /></div>
<div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: justify;">
Recuso-me a pensar em juízo final
em que a nossa análise seja feita que nem um contador faz nosso imposto de
renda. “Você xingou o motorista de ônibus no da 23 de janeiro de 1997, às
14:32. Ele não tinha culpa de trabalhar num sistema que exigia que ele lotasse
tanto o ônibus. Você deve mais 10 limbos.”. Nisso, por cada ato julgado falho
seu iria ser convertido na moeda do apocalipse, limbo ou L$, e iria trabalhar
pra Limbo Corporation ™, até pagar seu débito e poder “descansar em paz”. Seja
lá o que isso signifique.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Terrível.
Atos capitalistamente cobrados e negociados. E eu tenho certeza que, se a moda
pega, logo vamos cobrar limbinhos dos outros pelas mágoas causadas. Tem quem
diga que tudo tem seu preço, não é? Talvez o limbo nem seja a moeda oficial. Por
aqui a gente se entende com real, dólar, peso, ou seja, qual for a relativa
moeda de sua dor.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Isso já
acontece, claro. Algumas igrejas já converteram o L$ em dinheiro terráqueo e
alguns bastante maleáveis já estão pagando suas casas em seja lá onde eles
acham que vão depois de morrer. Já o sistema jurídico virou babá e contadora de
problemas emocionais. Alguns casos a gente releva, mas há uma hora que nós
vamos ter que nos perguntar: tudo é mesurável? Existe unidade de medida para
sentimentos?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Lógico
que não! Não venha com suas exatas, que eu sou de humanas! NÓS somos de
humanas. O mundo em que se calcula o subjetivo e intrínseco só pode ser um
pesadelo. E é nele que nós estamos vivendo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Desde
que descobri que eu teria que ABNTzar minhas falas e referenciar o que me
ensinaram, eu tenho uma grande mágoa da academia. Vou cobrar 1000 limbos deles?
Não. Pelo menos eu aprendi que o mundo subjetivamente científico (?) não é pra
mim. E mesmo assim, eu ia cobrar de quem? De professores e professoras? De
professores e professoras deles? Da universidade? De quem fundamentou essa
forma de ensino e pesquisa ridícula?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
E de
quem vou cobrar minha dor e minhas lágrimas? De quem tanto tenta absorver minha
confusão, acaba se intoxicando também? De quem me intoxicou? Dos primeiros
chefes do patriarcado? Dos cabeças que estabeleceram os fundamentos do
capitalismo? Dos grandes mestres da comunicação que ensinaram que com ela se
prepara o povo pro abate? De Deus? Do meu vizinho? De mim mesma?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<o:p></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Todos
nós temos culpa de tudo. E não há quem bote preço nela. Caros ou não, todos
temos débitos profundos que não são monetizáveis. Não há algoritmo que meça
aquilo que só o amor e a quebra de paradigmas podem resolver.<o:p></o:p></div>
</div>
</div>
Isoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6058338441904908706.post-25824668462071030572015-03-25T01:38:00.000-07:002015-03-25T01:38:01.795-07:00Colecionadores de dados<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Até a 8ª série do Ensino
Fundamental, hoje em dia 9ª, eu sempre tirei notas muito boas. Havia quem
abrisse a boca pra dizer que eu era a melhor aluna da escola. Eu preferia que
ficassem de bico calado, tanto pela tolice dessa afirmação, quanto pra fugir do
bullying nosso de cada dia. Eu, gorda com “cabelo ruim” (que horror, esse
termo) aprendi que naquele tempo era melhor pra mim não chamar atenção. Hoje em
dia é outra história, mas meio que concordo com a Isolda daquele tempo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Ser uma boa aluna era até fácil
para mim. O saber me era bastante novo e eu o devorava como forma de
sobrevivência. Ficava encantada até com matemática e física (o que é impensável
pra mim hoje em dia)! Eu achava quase tudo muito interessante. E até aquela
série não havia tirado nenhuma nota baixa. Um belo dia, um professor de
Filosofia resolveu me dar uma nota baixa. Se me lembro bem, era mês de setembro
e eu já estava com nota suficiente pra passar em tudo. Menos em Filosofia. E
quando vi minha prova e comparei com a dos colegas, vi que a única diferença é
que eu não havia repetido letra por letra aquilo que havia sido me ensinado.
Usei minhas próprias palavras. Que erro absurdo de minha parte!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Foi ali que comecei a perceber
que o ensino não é tão maravilhoso quanto eu achava que era. No ensino médio,
mudei para outro colégio, mas continuei com boas notas. Porém, o incômodo
aumentou. Eu não via muita graça naquilo que era ensinado. Foi ali que eu, sem
saber ao certo, começava a dividir conhecimento de informação. Ok, ainda tenho
uma ideia vaga do que seja um ciclo de Krebs; mas do que me serve esse tipo de
informação hoje em dia? Nada. É algo pra eu me gabar que tenho uma memória de
capacidade até razoável. Mas desculpa, ciclo de Krebs, eu sou (quase) jornalista.
Se eu precisar falar sobre Biologia, eu vou entrevistar de um biólogo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Lembro que eu me convencia que
tinha que estudar algo por talvez haver alguma serventia na minha vida. Mas
houve um momento em que não deu mais pra me convencer. Na metade do 2º ano do
ensino médio, eu não fazia mais do que o básico para passar de ano. Tinha raiva
de ir à escola. Detestava ter que decorar mil coisas para fazer uma prova e
esquecer tudo logo depois. E ainda tinha (e tem) professor que se revoltava
quando nos questionava sobre a prova passada. Ninguém lembrava. Havia sido nos
passado dados, não conhecimento. Se houvesse algum sentido para nossa
existência, talvez houvesse algum interesse para se aprender.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Por ter percebido muito cedo que
acúmulo de dados não me faz crescer, eu não tenho títulos acadêmicos pomposos.
Não passei no vestibular num curso que faça meus pais extremamente orgulhosos e
que vá me dar muito dinheiro. Antes eu já não tinha paciência, agora tenho
ojeriza a estudar para concursos. Meu conhecimento não se mede em números. Meu
saber não se encaixa em citações e regras da ABNT. Tentar me encaixar nisso
tudo me deixou doente. Por isso, estudo e faço o que gosto, na hora que quero.
E isso dificilmente dá dinheiro. Por não ser colecionadora de dados, fui
destinada a tentar viver feliz com o conhecimento que me agrada, mas sem
brilhar com medalhas, diplomas e cédulas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Um dia espero viver no mundo onde
se ensina aquilo que agrega conhecimento, constrói e descontrói paradigmas.
Dados, que sejam utilizados; conhecimento, que seja levado pro resto da vida.
Se você ver os olhos de uma criança brilharem a ver o processo de crescimento
de uma planta, ou com o ronco de um carro, ou com os grandes contos da
literatura, a encaminhe para o que lhe agrada. Comigo isso não acontece. Por
isso, vou crescendo como posso, me curando daquilo que me impuseram a fazer.
Sou sobrevivente do sistema de (des)ensino desse mundo que gira ao redor do
efêmero.<o:p></o:p></div>
Isoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6058338441904908706.post-42292604124896313302013-11-16T17:16:00.000-08:002013-11-16T17:17:27.137-08:00Só uma observaçãoEu pensei que o ponto disso tudo é que a gente se veja. Não encontro sentido na pompa e circunstância vã de todo um ritual, com o objetivo de deixar tudo cada vez mais ralo.<br />
<br />
O que eu mais quero é me livrar na máscara que uso todo dia para não assustar e não ser assustada. Ela pesa, agride, cansa. Se não tenho uma pausa onde posso deixar meu rosto se abrir para quem eu me sinto afiliada, é melhor que eu deixe meus sorrisos trancados entre quatro paredes. Elas machucam bem menos que a opressão do baile da alegria forçada.Isoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6058338441904908706.post-1863047461841656852013-10-30T06:51:00.000-07:002013-10-30T06:51:06.093-07:00Salientando o óbvio (de novo): Gente offline me agrada<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpcMRYM60k7kI1X8TUGoAp5kWexalmRX9aI5BHFgdyje6vLX6Np1JlfiWLuEFEbbgi6g9Ii5kSljj5QyiJBcP-vLoXhFiQOhMQ8Q6UOnZOAeY_PQX1g-H-KfeUxIjpRL51bw_rA2QeNFA/s1600/DSC01499%5B2%5D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpcMRYM60k7kI1X8TUGoAp5kWexalmRX9aI5BHFgdyje6vLX6Np1JlfiWLuEFEbbgi6g9Ii5kSljj5QyiJBcP-vLoXhFiQOhMQ8Q6UOnZOAeY_PQX1g-H-KfeUxIjpRL51bw_rA2QeNFA/s320/DSC01499%5B2%5D.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eu sei que esse assunto é meio velho, mas muita gente não se
tocou ainda.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Uma das coisas que me deixa mais fora do sério é estar com
um grupo de pessoas e ter alguém, ou vários “alguéns”, usando excessivamente
seus celulares. Falando com outras pessoas, como se as que estão ali não fossem
boas o suficiente (então, por que veio?). A minha vontade é de gritar “SÉRIO?”.
Até grito, se tiver alguma intimidade com as pessoas ao meu redor. Porque isso,
sim, é um problema sério.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A tecnologia pode integrar, mas também nos isola. Isso
ninguém pode negar. Tanto pelo fato de você conhecer pessoas de outros lugares
distantes e não poder vê-las, quanto pela praticidade e preguiça da conversa
online, que substitui pobremente a conversa cara a cara. E esse último é o que
mais me preocupa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Se você prefere conversar com as pessoas online que “ao vivo”,
deve haver algo errado no seu comportamento. Dividir o seu eu em “eu off” e “eu
on”, deixando o “eu on” ser o mais simpático, divertido e sincero, chega a ser
ridículo. Você não precisa de uma máquina para mostrar a melhor parte de si.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ainda há o problema da imagem que você cria do outro online.
Saber quem é alguém de verdade com convivência presencial já de difícil,
imagine só conversando por Facebook, Whatsapp, Skype, Twitter, Instagram,
Tumblr, ou seja lá a plataforma online que se use. Você que se perguntar se
você gosta da pessoa ou do que você pensa que ela é.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Por isso, usufrua o máximo que puder do seu tempo offline. Passeie,
brinque, olhe no olhe. Estude expressões faciais e se delicie com doces e novas
gesticulações. Nós sabemos que a internet é um universo onde coisas mais
inesperadas podem acontecer. Mas o mundo está aqui fora pra mexer com todos os
teus sentidos. Mais do que um tela de
computador ou celular pode fazer.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Estapeie-se de realidade fora de uma plataforma eletrônica.
Acorde.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
P.S.¹: Posso até estar sendo hipócrita. Mas se já fiz isso,
por favor, me desculpem. Estou curada.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
P.S.²: Perdoem minha geladeira. Ela não sabe o que faz.<br />
P.S.³: Talvez esse seja o texto mais objetivo que já escrevi aqui. Tenho medo.<o:p></o:p></div>
Isoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6058338441904908706.post-42664586358791465592013-09-03T23:51:00.002-07:002013-09-03T23:51:43.655-07:00Não tem comprovante<div class="MsoNormal">
É nesse mundo cheio de prazos e datas marcadas para tudo
acontecer que eu me perco. Não por irresponsabilidade, mas for falta de saúde.
Mas meu problema se confunde com o que as pessoas chamariam de preguiça. Como
explicar para uma pessoa “comum” que eu não fiz algo ou não fui para algum
lugar porque eu não quis e não me deu vontade? Mesmo que essa minha ausência me
prejudicasse, eu não fui. Quem entende?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
É nesse mundo cheio de atestados é que eu me perco. Minha
falta de saúde, meu desespero e minha independência forçada não me permitem
mais mostrar que é comprovado cientificamente que, naquele momento, eu não
consegui fazer o mínimo que me pedem. Não por falta de querer, mas por falha
nos meus sistemas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
É no meu mundo e no mundo normatizado que eu me perco. Mesmo
sendo dois caminhos diferentes. E dificilmente vou sair dos dois ilesa.<o:p></o:p></div>
Isoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6058338441904908706.post-42389629794112239142013-07-04T00:05:00.000-07:002013-07-04T00:05:20.542-07:00Goiânia<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
12 de agosto de 2012. Noite.
Chegava a hora do meu ônibus chegar, então eu sai do shopping e fui para a
estação de ônibus. Sentei sozinha, da mesma forma que estive e continuei na
viagem toda. Sem muito o que fazer, comecei a lembrar do que havia acontecido.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Ok, eu tomei uma péssima decisão.
Fugi, sim. O que poucos não pararam pra pensar foi o que aconteceria comigo se
eu tivesse continuado lá. Quem iria me amparar? Quem saberia como me ajudar
ali, quando eu não sabia mais lidar com minha própria mente? E quando eles mesmos
não sabem lidar com as deles? Era uma situação fora de controle, onde só eu
tive coragem de tomar uma atitude drástica. E claro, eu fui a culpada.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
E julgada. Condenada na hora, mas
de caso arquivado nas outras mentes. Só a minha mente se pune todos os dias e
lembra o que disseram sobre o acham que sabem sobre mim. Nunca quiseram olhar
de perto e ver o que realmente acontece. Logo, só o esboço pervertido de mim os
basta para o veredicto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Mesmo longe do que machucava,
aquilo me atingiu novamente. E eu desabei de novo. Comecei a chorar na estação,
agarrada a minha bagagem, olhando com meus olhos embaçados pras pessoas que mal
se importavam com o que aconteciam com elas mesmas, imagine comigo. Estar tão
longe de casa e tão longe de qualquer coisa que eu conhecia me fez cair em um
vazio tão grande como eu nunca tinha sentido antes. Uma solidão nova. Que eu
nunca mais quero provar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Uma senhora passa por mim e pede
esmola. Ela não tinha visto que eu estava chorando e se assusta. Eu dei alguns
trocados e ela disse “Que Deus lhe abençoe e que dê tudo certo na sua vida.”.
Só balancei a cabeça. E assim eu espero que aconteça. Mesmo que naquele momento
eu tivesse caído e esquecido do que vinha a seguir.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Demoro um pouco, mas chegou o
ônibus. Embarquei logo, pois queria deixar Goiânia para trás. Queria deixar lá
o peso de ter sido apontada sem que os outros pensassem pelo menos um pouco no
que estavam fazendo. E nem que estavam atirando em quem já estava ferida.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Não importava mais. Eu estava partindo.
A esperança começaria em 1 dia. Um sorriso acolhedor e um abraço sincero me
esperavam.<o:p></o:p></div>
Isoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6058338441904908706.post-2951669727774509192013-03-27T21:50:00.000-07:002013-03-27T21:54:00.536-07:00Verdades infantisQuando eu era criança, mas bem nova mesmo, eu acreditava que os adultos tinham certeza que as coisas iam dar certo ou errado. Todos os que viviam à minha volta mostravam uma segurança tão grande de si e do que afirmavam que eu achava que, enquanto você crescia, você aprendia como tudo funcionava e podia prever os acontecimentos. Quando minha mãe me dizia “Vai, você não vai se cair.”, quando eu estava começando a andar de bicicleta, eu acreditava piamente que ela havia calculado exatamente, de alguma forma, que eu já estava apta a andar sem cair. Mas claro, eu caia e me irritava bastante.<br />
<br />
Com o tempo, eu fui ganhando raladuras e ferimentos mais graves. Fui vendo que as professoras nem sempre podiam me garantir que meus “coleguinhas” não iam me bater (péssimo e apelativo citar bullying, né? Mas foi o que lembrei, fazer o quê?). As pessoas nem sempre sabiam se coisas iam cair ou não. E isso foi me deixando com muita raiva e bastante confusa. Como alguém pode crescer sem ter certeza de nada? Por que elas tentavam me ludibriar com palpites bestas? Por que não diziam somente que não sabiam?<br />
<br />
Agora, um pouco mais velha e um pouco mais consciente das coisas, vi que ter insegurança é normal. Ninguém nunca tem certeza de nada e nem deve ter. Você não tem controle sobre nada na sua vida. Você sabe disso! Qual a necessidade de dono da verdade? Pra você a ver cair e se ver obrigado a admitir que estava errado? Ah, esqueci que você pode inventar argumentos que vão ser totalmente contraditórios e mirabolantes, mas que podem convencer os mais desatentos. Uma mentira bem contada e contada várias vezes se torna verdade, não é? Já dizia um homem bem sábio.*<br />
<br />
Talvez eu quebre minha cara de novo (já que não tenho certeza de nada), mas hoje eu posso dizer pra mim mesma e pra quem quiser ouvir: Verdades absolutas servem somente pra quem tem muito medo de viver. E eu tinha. Quando tinha 5 anos, claro. Continuo com medo (bem menos, claro), mas agora a insegurança é algo que eu tenho que aceitar. Eu não posso viver como quem tem medo que o sol lhe queime e que a conta de luz chegue mais alta. Eu prefiro viver sem muitas certezas e tentar trabalhar com o que está vigente. Se o inesperado me acertar, pelo menos não vou me chocar tanto.<br />
<br />
Eu queria poder dizer isso tudo pra Isoldinha de 5 anos, totalmente zonza com o mundo. Mas ela precisa desse susto. Ela precisa crescer. E ela, com muito esforço, vai aprender a viver sem se prender a alicerces que só tendem a quebrar. Ah, se vai!<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
*Muito sábio e maléfico: Tio Hitler.
Isoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6058338441904908706.post-74392181416357805482013-01-21T06:54:00.001-08:002013-01-21T17:20:07.241-08:00A lágrima alheia
Outras coisas me fizeram começar o dia enxergando tudo com uma sombra que vai demorar sair da minha vista. Seja minha alma que insistiu em não querer voltar pro corpo, sejam palavras jogadas no ar de quem acha que conhece cada partícula de ar que lhe rodeia. Até ai, nada que me fizesse querer chorar, correr pra bem longe e não querer voltar tão cedo, com vergonha de encarar a mim mesma.
Mas ai eu entrei no ônibus. Minha única preocupação até aquele momento era chegar ao trabalho menos atrasada do que eu estava. Até que, um pouco antes de chegar meu ponto, eu olhei pra um garoto do meu lado e vi o que ele esperava que ninguém visse: Uma lágrima. Só uma, tímida, que escapou do olho dele sem que ele quisesse. Ele olhou pra mim assustado, mas ao mesmo tempo com um olhar que bastava um pouco de atenção para que lhe dissesse uma longa história. Percebi isso num milésimo de segundo, e nesse pouco tempo, tive que decidir entre descer do ônibus e pegar o próximo, ou abraça aquele garoto e perguntar o que o machucava tanto a essa hora da manhã. O que eu escolhi? A covarde opção de qualquer um. Sai no meio da manada apática e me senti mais uma. Com a diferença que eu segurava lágrimas que não eram minhas. Sentido a irresponsabilidade de quem se deixou levar pelo mais fácil. Pelo comum. Por esse mecanismo em que eu me enfiei pra talvez me livrar de outros.
E assim eu segui pro meu trabalho. Não o odeio, muito pelo contrário. Mas hoje eu queria ser desempregada, ou menos mais livre de qualquer obrigação de horário. Poderia ter feito aquele garoto se sentir melhor e ter me feito sentir melhor. Passei a manhã inteira fingindo estar bem (aliás, minha especialidade), enquanto minha consciência pesava e minha visão ficava turva, encharcada, toda vez que eu lembrava. Não era só o menino. Era eu. Era tudo que eu dizia que não iria deixar pra trás. E de repente, deixei.
Ainda segurando o mesmo choro de quem eu nem conheço, é que eu digo: Essa vida de negligência com o que realmente importa está com os dias contados. Na minha mente, só o que resta é o foco pra que tudo isso acabe e eu possa parar de ignorar as lágrimas dos outros. E as minhas também.
Isoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6058338441904908706.post-85671537606625020082012-02-18T01:15:00.004-08:002013-01-21T03:55:45.155-08:00Zumbis me acordandoSão quase 6 da manhã e ainda a pouco eu acordei do nada com uma música na cabeça. Aliás, eu nem sei se isso pode ser considerado música. É uma lamento cego. E é algo que eu nunca vou entender, começando por isso: Como alguém pode querer entender a suposta presença de um ser supremo se baseando em apenas um livro? E o pior: Rodando e rodando ao redor das mesmas interpretações de séculos atrás. Talvez tenham mudado um pouco, mas foi só porque o mundo inteiro mudou e eles se viram obrigados a evoluir um pouco também. Tirando isso, Adão e Eva ainda foram muito ruinzinhos por terem comido maçã. Droga.<br /><br />Mas o que me acordou não foi isso. Foi a lamentação. Vozes de senhoras idosas (ou nem tanto) arrastadas, pedindo por perdão como quem pede por esmola. Não tem coisa pra me deixar com mais medo do que isso. É por isso que pra mim o apocalipse zumbi já está acontecendo. O bom é que a gente destrói esses zumbis com a melhor arma que existe no mundo: Bom senso.<br /><br />A questão de tudo isso é: Se Deus é tão perfeito assim, antes mesmo de você ter feito alguma coisa errada, ele já te julgou, já te perdoou e já te deu uma punição. Sim, que nem mãe sensata, que perdoa as besteiras do filho, mas deixa-o sem internet por três semanas pra ver se não faz aquilo de novo. Pra muita gente punição divina parece cruel, mas pra mim é mais do que necessário. Do contrário, seríamos todos filhos da mamãe, pidões e mal criados, sem nem um tipo de preparação pra vida. Uns parecem já ser assim, né? Calma. A mãe deles vai tomar deles a internet na hora certa. E como diria uma boa mãe: Não adianta pedir desculpas. Desculpas não vão apagar seus atos. Lide com as consequências.Isoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6058338441904908706.post-74308112480721788592011-12-25T22:46:00.000-08:002011-12-25T22:49:15.845-08:00DesperdícioEu deveria, como alguém que não liga pra muito para padrões, mensurar a vida como algo extenso, com grandes saltos e pequenos saltos, sem dividi-los em temporadas de duração exata. Mas, me rendendo à necessidade patética do ser humano de padronizar tudo, lá vou eu analisar o que fiz esse ano. E o que eu acho, olhando pra trás, são vários tiros no escuro. E quando se acenderam as luzes, eu tinha acertado somente a mim mesma. Nada funcionou. Talvez com a luz eu tenha enxergado que com muita coisa eu gastei munição à toa. Quanto mais eu atirava, mais meus alvos pareciam mais distantes. E no fim eu o vi realmente não me pertenciam.<br /><br />O que eu não esperava veio a mim calmo, quieto, sentou do meu lado como quem não queria nada e ficou. Não precisei fazer muita coisa. Foi olhando pra essa calmaria que eu percebi: Eu não consegui o que queria porque eu tento demais. E do meio pro fim, eu abaixei minhas armas e joguei tudo pro ar. E meus alvos sumiram. Só o calmo e sincero que me veio do nada ficou. E assim vai ser. Vou cuidar dele, somente dele. Se a graça de todos era me ver tentar e falhar, agora o show acabou. Junto com o ano de munição desperdiçada que está indo embora também.Isoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6058338441904908706.post-9830265250758571362011-09-04T22:04:00.000-07:002011-09-04T22:09:22.262-07:00Quando eu encontro a pior parteAcho que depois de ter passado pelos mais diferentes tipos de dores possíveis, finalmente encontrei a pior delas. Mas isso depende muito da pessoa. Isso seria um alívio para muitos. Pra mim, pessoa que insiste em permanecer consciente de tudo, mesmo intoxicada às vezes, isso é quase uma tortura medieval. Não me imagino como uma pessoa que segue sua rotina, sendo mais uma dobradiça desse sistema que deveria fluir sem tanto mecanismo pra comprimir nossos desejos. Não sou um desses, não mesmo. Só em um aspecto, ando agindo como.
<br />
<br />Depois de tanto tempo, achei que não pudesse mais achar sentimentos piores que pudessem mudar minha forma de ver o mundo. Logo eu, que dificilmente supero uma mágoa, só acumulo. Esse agora chegou só pra me dizer que eu posso, sim, ter mais raiva do que sou e me fazer pensar que eu nunca vou poder mudar. E pensando bem, só ele poderia fazia isso:
<br />
<br />O desamor.
<br />
<br />Ele invadiu tanto partes de mim que eu já deixo de relevar certos atos, certas pessoas e certos ambientes que eu costumava tolerar ou pelo menos conseguir conviver ao lado. Já não aguento calada. Já não consigo esconder minha raiva. Já não consigo não mostrar que não me resta mais esperança em boa parte da minha vida.
<br />
<br />Tá ai. Surpreendentemente, consegui ficar mais arrogante.Isoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6058338441904908706.post-39835642071266436002011-06-14T23:12:00.000-07:002011-06-14T23:26:01.092-07:00CicloDo fundo de um lago eu emergi. Nadei, sem muita pressa, até a margem. Quando vi que ia imergir novamente, nadei mais rápido. Sai andando pela margem, tateando, sem enxergar muito bem. Enxuguei-me daquela água que parecia querer penetrar em todos os meus poros à força e continuei. Caminhei estrada a frente, sem saber direito onde ela iria dar.<br /><br />Na estrada, tudo era cinza. Previsivelmente, tudo ao redor dela era do mesmo jeito sempre, sem mudança nenhum e nenhuma vontade de mudar. Caminhei por ela por um bom tempo, procurando algo que me acordasse daquilo que parecia um sonho tedioso. E aquilo não vinha. Meus pés, descalços, já estavam cansados demais pra me sustentar por tão longo caminho sem destino certo.<br /><br />Cheguei a algum lugar. Árvores cercavam algo que só daria pra ver se eu seguisse um pouco mais adiante. Não hesitei em atravessar as árvores, me machucando em seus espinhos, já que poderia ali achar o que tanto procurei. Vi margens rodeando águas calmas. No centro delas, um lago espelhado, que refletia tudo aquilo que eu tanto busquei andando naquela estrada aquele tempo todo. Iludida que ia ter tudo aquilo pra mim, mergulhei. Enquanto afundava, assistia meus desejos passarem por mim, deixarem seus cheiros e suas glórias bem perto, e partindo tão rápido quanto um desejo efêmero passa por alguém. Talvez o lago estivesse me julgado erroneamente. E depois de quase enlouquecer, tentando agarrar meus desejos dissolvidos nas águas, tive que respirar. Aquele ar fétido lá de fora ainda me deixa viva. E do fundo de um lago eu emergi novamente. De frente de uma estrada que parecia a mesma de antes.<br /><br /><br />P.S.: Se eu me arriscaria mais um vez por uma estrada cinza e por uma floresta cheia de espinhos? Sim. Até que minha estrada mude de cor. Ou até quando meus pés aguentarem.Isoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6058338441904908706.post-42130055977280354412011-04-18T21:54:00.000-07:002011-04-18T22:04:47.938-07:00As leis de sempreVai, entra<br />Atravessa este canal<br />Dê voltas em mim<br />Olhe lá e diga<br />Se há algo amoral<br />Se há algo inexplicável<br />Que eu possa fazer hoje<br /><br />Confirmou minha falta de vontade?<br />Entre mais um pouco<br />Cheire o que eu repudio<br />Traga o que eu não sinto saudade<br />Force-me ao que evito<br /><br />Conseguiu me deixar vulnerável?<br />Ata-me às tuas correntes<br />Controla lá de cima<br />Veja-me descer ao subir<br />Deixá-los subir<br />Deixá-los sucumbir<br /><br />Arrasta-me para essa dimensão<br />Tão desejada, tão ansiada<br />Aquela pela qual eu voei<br />Aquela onde eu apaguei<br /><br />Acordei agora e olhei<br />Só vi resto do que não restava<br />Não sei em que lado parei<br />Abri, deixei entrar <br />PerdiIsoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6058338441904908706.post-68077160984691831702011-02-01T13:50:00.001-08:002011-02-01T14:11:24.678-08:00Aquela do carnaval com fim e sem finalidadeMuito à contra gosto, José desacordou quando o Sol ainda estava pensando em abrir os olhos diante daquele lugar. Como todo dia, engoliu alguma coisa pra se manter em pé e se arrumou, semi-acordado, pra enfrentar mais um dia de trabalho. Com a quase consciência de quem já faz tudo meio que mecanicamente, ele partiu. Não pra mais um dia, mas pro mesmo dia. O mesmo de ontem, de anteontem e talvez o de amanhã. Talvez.<br /> Pelo menos esse dia tinha um aditivo: Vinha com aquela recompensa que ia embora antes que José pensasse em querer mudar de vida. O salário que, uma vez ou outra, proporcionava uma euforia passageira, das quais ele mal se lembrava. O álcool fazia-lhe o favor de apagar da memória as tolices que dito e a libido que tinha espalhado nas noites em claro. As costas do fim do mês eram, pelo menos pra ele, motivo suficiente para tentar achar solução ou esquecimento nas moléculas de alguma bebida ou na saliva de alguma mulher especialmente barata.<br /> Depois de horas e horas vendo rostos, números, concreto e suor, alguma mixaria lhe foi dada. E assim ele foi direto pra mais uma noite turbulenta, onde procuraria mais uma vez procuraria respostas ou não-memórias em lugares inusitados. Mas logo depois de chacoalhar dentro de um meio de transporte junto com outros Josés, ao ser regurgitado, foi abordado por um José um tanto quanto cansado da rotina mecânica de quem prefere não tomar o que não lhe é de direito. Ficou sem ter como voltar para o seu lar, seu ponto de retorno. Sem ter como pagar contas. Sem pseudo-solução para nada.<br /> Desesperado, foi andando rumo à sua casa, ainda bem longe. As ruas dali, esquecidas pelos que seriam responsáveis por elas, estavam tão vazias e escuras como a carteira de José. Ele aproveitou que não havia nem sinal de outra pessoa por ali e soltou seu desabafo solitário. Ou não.<br /> - Deus, o que foi que eu te fiz de errado? Será que dá pra ficar pior do que isso?<br /> Alguém responde, logo atrás do poste.<br /> - Eu posso providenciar isso, se você quiser.<br /> - Outro assaltante? – disse José - Agora nem se você quisesse eu teria algo pra lhe dar. Outro já me tomou tudo. Vá roubar outro. <br /> - Quem dera fosse que eu quisesse só seu dinheiro. O que eu quero de você é bem mais caro. E ao mesmo tempo, é um presente.<br /> - Aff, mais um bêbado. Quem é você?<br /> - Sou aquele que pra quem você destina seus pedidos mais íntimos, sendo tolos ou não. E pra quem você fez aquelas perguntas de ainda pouco.<br /> - Eu pensava que era só álcool, mas você usou droga da pesada mesmo. Vai pra casa, rapaz. Sua mãe deve estar preocupada.<br /> Deus riu e disse:<br /> - Sinceramente, se eu não fosse Deus, eu seria um perdido qualquer como você, desesperado por estar a essa hora na rua. Nenhuma alma terrena com algum juízo passa por aqui. Eu pareço desesperado?<br /> - É, não. Aliás, parece bem alegre. Parece que ganhou na loteria ou algo assim.<br /> - Digamos que é algo bem melhor. Algo que ninguém pode me tomar, apontando uma faca ou um revolver pra mim.<br /> - E o que é?<br /> - A chance de resgatar um filho querido.<br /> - E quem é esse filho?<br /> - Você, José.<br /> José fez uma careta e virou as costas.<br /> - Tá, fica ai achando que me fez que eu vou pra casa.<br /> Deus continuou parado onde estava, mas falou um pouco mais alto, pois José já ia mais à frente.<br /> - Casa, José? Você chama aquele amontoado de tijolos onde você estica seus ossos, exatamente como um zumbi, de casa?<br /> José voltou e olhou bem pra cara de Deus.<br /> - Foi o que eu consegui, tá? Acha que é fácil ser pobre? E como é que você sabe que eu moro numa casa assim? Além de drogado, é espião também?<br /> - Espiões só observam pessoas importantes, José. Para sociedade de hoje, você só é mais uma peça pra construir o império dos mais fortes. Aliás, você se fez uma peça. Então eu não teria motivo nenhum para saber mais da sua vida que você, a não ser que eu fosse Deus.<br /> - Eu mereço... Tá bom. Vamos imaginar que você é Deus mesmo.<br /> - Se é assim que você quer me chamar...<br /> - Tá, tá. Porque escolheu esse corpo tão sem graça?<br /> Realmente, Deus estava bem maltrapilho. Estava vestido com roupas de segunda mão e com o rosto bem machucado, como se tivesse acabado de voltar do trabalho também.<br /> - Eu não queria chamar atenção. Acha mesmo que se eu viesse como um homem bonito e elegante, eu não ia virar vítima de fofoca pela minha aparência? Não, obrigada. Já falam muito mal de mim sem que eu tenha nenhuma forma uma humana definida.<br /> - E não tem? E essa de agora?<br /> - Isso não sou eu, só é um canal que estou utilizando. Aliás, é um canal que algum representante de mim está usando. Você acha que eu estou muito satisfeito em estar fazendo isso? Eu já chamo tanto a sua atenção, mas não funciona. Vi-me obrigado a fazer isso.<br /> - Chama minha atenção? Como? Eu não vejo nada.<br /> - Você está olhando com os olhos errados, José. Aliás, mesmo que você usasse esses dois que você tem em sua cara, veria que grito com você todos os dias. Desde a hora que você levanta à que você dorme. E em seus sonhos também. Quem você acha que fez isso tudo e deu forças pra vocês todos fazerem o resto, ou melhor, destruírem o resto?<br /> - Tá, tá. Se eu sou tão cego, surdo e doido assim, o que você queria me dizer?<br /> - Que eu quero que você use seu bom senso.<br /> - Tá me chamando de ignorante agora também? Ok, eu sei que não tenho muita educação formal mesmo, mas não sou tão burro assim quanto você pensa.<br /> - Eu não disse que você é burro. Só quero que você analise melhor sua vida, e saiba usufruir melhor das minhas leis.<br /> - De onde eu vim, leis só servem pra prender a gente.<br /> - Se você me ouvisse, veria que não existe prisão pior pra você do que essa vida que você leva.<br /> - E onde estão essas suas leis? Onde foi que você escreveu?<br /> - Na sua consciência. Você a esqueceu e menosprezou. Agora eu quero que a lembre. ¹<br /> - Lembre de onde? Você nunca me ensinou nada.<br /> - Eu não era a mão que segurava a sua quando você estava aprendendo a escrever, mas era a força que segurava as duas. E assim vale tudo que você. Basta que você se lembre.<br /> José desistiu de questionar. Deus suspirou e disse.<br /> - Agora eu preciso ir. Existem outros como você e talvez em situações piores que a sua que precisam ouvir coisas parecidas com as que eu disse agora. Até breve, José.<br /> E Deus saiu caminhando lentamente, ladeira abaixo, já que o tempo é realmente dele. José o observou até sua silhueta sumir. Sem entender muita coisa, continuou seu caminho para casa (agora em dúvida se era realmente sua casa), com a cabeça tentando digerir alguma coisa que foi dita por aquele que se dizia Deus. Ou um instrumento Dele. Ou algo assim.<br /> Quase se espantou, o despertador já havia tocado e já era hora que acordar. Aquele não dia não havia acontecido. Fora tudo um sonho que o fez dar graças a Deus por nada daquilo ter realmente acontecido. Graças àqueles que havia lhe enchido a mente com o que pensar naquela noite. Mas o mesmo dia de verdade, ou aquele que José achava que era de verdade, veio. O mesmo de ontem, o de anteontem e talvez o de amanhã. Talvez. E talvez José tente esquecer ou encontrar seu bom senso novamente mergulhado em algum copo ou dentro dos olhos de alguém tão vazio quanto ele. Vazio de perspectiva, de sonhos. De vida. Não essa, mecânica e dura, mas a que deveríamos ter, e, enfim, teremos.<br /><br /><br /><br />[¹]: Adaptado do Livro dos Espíritos, questão 621.<br /><br />P.S.: Às vezes algumas mensagens são dadas às pessoas antes que elas possam entendê-las. Servem exatamente para que ela as interpretem e aprendam bem mais do que ela brutamente quer dizer. Mas de más interpretações e intenções o mundo ou inferno, seja como for que você prefira chamar esse lugar onde nós estamos, está cheio. O que resta é saber se os erros são por ignorância ou o aproveitamento da mesma, só que a alheia. No fim, ou no começo, todo mundo vai ter o que merece.Isoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6058338441904908706.post-9151632984053040042011-01-11T21:57:00.000-08:002011-01-11T21:59:53.578-08:00Entre o mar, a teoria e a práticaDiante do mar, minha prova favorita de que Deus existe, eu comecei meu ano mais uma vez contrariando a maioria. Diante do mar, eu não prometi nada. Nem pedi nada. E nem pulei nada. Ri pra uma onda que molhou meu vestido e pensei: O que vier está bom. Depois me senti um tanto quanto passiva à vontade de Deus, mas lembrei que não é bem assim. Eu ainda não sei bem o que faço, mas estou trilhando pra saber; daí, então, vou tentar arquitetar algo. Senti-me até lúcida, o que é difícil, quando pensei isso, porque me lembrei daqueles que se esquecem da teoria.<br /><br />É aquela velha história (ou não). Teoria sem prática é só alucinação ou falta de coragem. Prática sem teoria é aonde o ser humano chega mais perto de ser animalesco. E entre a preguiça, o devaneio e o impulso, eu prefiro a preguiça e/ou o devaneio, sempre. Por isso, quando aqueles saem daqui do meu lado, dizendo que vão tentar ser felizes, eu sei que na verdade vão gastar saliva, palavras bonitas e dinheiro em vão. Eu repito pra mim mesma: Fico com minha preguiça. E meu devaneio, claro. Nada mais poético do que me imaginar gastando aqueles três elementos com alguém que realmente mereça. Mas só imaginar. A prática vã disso se tornou penosa. Rala. Sem cheiro. Sem gosto. Sem vida.<br /><br />Alguns dizem que é só meu medo de gastar os três elementos. Acham que eu não gastei? Até demais. Até gasto, às vezes, só pra não esquecer o que posso sentir me entregando a isso tudo, mas acabo lembrando que devia ter continuado teorizando. Teorizar sentimentos, sempre. Cessando só pra me mostrar como se não os tivesse. Até que venha a hora de usá-los o mais racionalmente possível.Isoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6058338441904908706.post-51175910632064427652010-11-25T21:07:00.000-08:002010-11-25T21:09:01.644-08:00Síndrome de PrometeuQuando sua vida começa a parecer uma música de pagode que remete a “amor” e álcool, você sabe o quanto está se tornando ridícula. Quando você negligencia as únicas coisas pra que está dando ao trabalho de fazer é que você sabe que precisa algo mais. No meu caso, pelo menos, sei que é. Nunca fui de deixar pra trás algo que é objetivo de minha vida, e quando acontece, é porque eu preciso de mais algo pelo qual tenho que seguir em frente. É quando você prefere ficar na rua ao ir pra casa que você percebe isso. Tentar encontrar motivo de qualquer coisa no fundo de um copo ou no filtro de um cigarro depois de um dia cheio é, no mínimo, deprimente. Não tem nada em casa, o que vou fazer lá? Ver o nada se despir na minha frente mais uma vez e me devorar devagar, sem pressa, porque sabe que eu não tenho mais o que fazer? Pelo menos ele me ignora um pouco quando estou fora, pensando que ele só fica no meu quarto, me esperando deitado na cama. Nem é. Quando eu olho pro lado, desolada, e ninguém entende porque, é quando estou olhando pra ele, rindo de mim e dizendo o que vai fazer comigo mais tarde. Quando fecho a cara até praqueles pra quem eu deveria sempre sorrir por fazer em meu dia melhor, é porque o nada me lembra que ele me acompanha mais do que todos eles. Não é culpa deles, é minha mesmo. Abraço-me com o nada até sem motivo, pois já me acostumei com ele. Até agora, ele não me traiu. Só me chama de tola mesmo, mas isso eu já sei que sou. Ele prefere que eu fique com qualquer um que me ache como o presente da noite, mas prefiro ele mesmo. É o nada que me fere, mas ele mesmo me cura, pra poder me ferir de novo. Não sei se aguentaria ser ferida por mais alguém. A cura pro nada seria outro alguém que deveria me dar, mas até agora só deram mais motivos pra o nada me devorar mais devagar ainda. Sacrifício tolo, eu sei. Mas pelo menos o nada me dá atenção.Isoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6058338441904908706.post-4759656843403167192010-10-18T22:49:00.000-07:002010-10-18T22:53:22.071-07:00Talvez, luzSeleciono. Organizo. Tabelo. Tudo tem que ter um nome. Tem mesmo? Não, não tem. O mal do ser humano é querer definir tudo em palavras. Cá estou eu errando mais uma vez, mas só assim consigo me sentir viva. As engrenagens param e eu consigo descer. Só por um tempo, pois logo, logo eu me juntarei de novo a essa maquinaria. Vagarosamente, sem entender muita coisa, como sempre, vou tentando juntar as peças desse quebra-cabeça que vai me revelar o nada que isso tudo representa.<br /><br />O que era prazer virou vício, e o vício se tornou tédio. Todos eles me matavam, mas ter “evoluído” para esse último me mostrou que os outros dois só me levariam ao caos maior ainda. Já não consigo entender quem vive em uma busca incessante pelo que vai desaparecer já. Agora mesmo, aliás.<br /><br /><span style="font-style:italic;">Olha bem pra mim, criatura, e me diz o que foi que tu levaste daqui. Está vendo essas lágrimas? Duas opções: Ou são de gente tão medíocre que tu é que servias como fonte do banal e grotesco para eles, ou, como eu, são pessoas que choram de pena de ti, que vieste ao mundo e não fizeste bem nem a ti, imagine a quem te rodeava e merecia isto.</span><br /><br />E voltamos a visão pra cá. Pro reflexo do desespero de isso não aconteça nunca mais. Seria melhor buscar esses pequenos, caros e passageiros prazeres? Só se o cobrador não estivesse sempre li, à minha porta, me sugando cada linha dessa pseudo vida que tenho, me mostrando o quão tola já fui.<br /><br />Claro que sou eu mesma me esperando à porta. Nada mais cruel e justo. Mas um dia eu atravessarei essa porta.<br /><br />Continuo a etiquetar os dias. Sem sentido, sem lógica, vários rumos, uma solução. E é nesta última que eu persisto. Enfraquecendo, padecendo, torcendo pra que a esperança se vá, parando de me chamar de tola. Sozinha, só me restará a força. Com a esperança, a cegueira que ela me trás só me faz imaginar como o mundo seria se eu tivesse ajuda.<br /><br /><br />Devo continuar cega?Isoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6058338441904908706.post-90979438026914840972010-09-07T14:41:00.000-07:002010-09-07T14:45:16.131-07:00Auto independência mal proclamadaNo auge da minha procrastinação e da minha falta de interesse por tudo que muitos julgam ser necessário, descobri que estou certa. Não, o mundo não foi feito em 7 dias, mas talvez em 7 dias esse universo dentro de mim consiga mudar um pouco. Talvez abrindo os olhos praquilo que eu deixei ali no canto. Praquilo que eu alimentava aos poucos e que agora precisa de uma dose especial de ânimo. Sem isso, quem vai adoecer sou eu.<br /><br />Não, eu não nasci ontem. Eu nasci faz pouco tempo mesmo e já estão me dizendo pra cuidar da minha própria vida. Só esqueceram de comentar que eu sempre fiz isso. Aquela velha trave nos olhos chamada egocentrismo nunca deixou que vissem que eu sempre fui dona de mim, até quando parecia ser a mais vendida das criaturas. Há pouco tempo me convenci que interesse não é uma palavra tão feia assim. Uso disso pra não me culpar por certas atitudes e certas máscaras que me obrigo a usar. Se é errado, eu não sei. Ou finjo não saber. Só sei que se eu tirá-las, algum tipo de monstro vai ter que sair. Pra alguns, um que quebra todas as regras de convivência em sociedade. Para outro, um bichinho sincero. Se esse último fizer sucesso, mais máscaras vão cair, e talvez menos incômoda vai ser minha presença.<br /><br />Respirar às vezes faz mal. Não, não é só porque eu tenho problemas respiratórios. Respirar certas ideias deixadas no ar andam me deixando zonza, inquieta. Morrer me privando de respirar parece uma alternativa um tanto quanto encantadora. Mas não, ainda vou achar algo que purifique essa névoa escura que me cerca às vezes. Talvez eu já tenha achado, mas não soube aproveitar ainda. Talvez eu nem seja digna de usar algo assim. Dançar em volta disso já me faz feliz, mesmo ainda tonta. E é assim eu que eu vou continuar até eu achar que é necessário.<br /><br />Ou até que o ar se torne irrespirável.<br /><br /><br />P.S.: Teve um pouquinho de influência da música My Body is a Cage, do Arcade Fire, sim. Mas só um pouquinho.Isoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6058338441904908706.post-49546204594078416572010-07-22T00:44:00.000-07:002010-07-22T00:46:41.865-07:00Não mais essa vozDecidi que não vou mais. Sério, não faz sentido. É escuro e denso, não dá pra se mover. A gente não sabe quando está dentro ou fora, a não ser quando se bate de frente com algo. É algo bem tateável, que quando chegou aos meus olhos, me deixou cega por um bom tempo. Fiquei me arrastando no chão, seguindo o que aquela voz dizia, sem questionar. Era minha única saída, ou eu achava que era. Teria ela me hipnotizado também? Não duvido.<br /><br />Mas aquela voz nunca me deixou provar o gosto que tudo aquilo tinha. Eu estava ali, pronta pra saborear a situação como se fosse o melhor prato que eu iria comer. Iria devorá-lo com a calma de quem sabe que cada momento é único, mesmo que ela possa se repetir.<br /><br />E a voz me julgou tola. Incompleta, talvez. Eu era seu pequeno entretenimento gratuito. Ver-me me debater nas paredes para encontrar uma resposta praquele enigma era muito divertido. E quando caia em suas armadilhas? A voz ria, caçoando de mim, a mais tola das criaturas que já caíram ali, sem dúvida.<br /><br />E eu soube me lavar de tudo isso. Gritei: “Não, não vou soltar mais meus cabelos. Voz, o ar que tu baforas em mim faz com que cada fio de cabelo meu queira ganhar vida e saia pra viver mais do que eu aqui.” E me lavei na primeira fonte que vi no caminho. Foi difícil, mas achei uma saída.<br /><br />E realmente nunca mais voltarei. Tua voz deixou de me hipnotizar e o gosto não me interessa. Pro labirinto do teu ser, não volto nunca mais.<br /><br />Vou me perder em outros labirintos onde eu saiba que há um fim.<br /><br />Sempre com novo começo, claro.Isoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-6058338441904908706.post-45409421589319045112010-07-04T20:37:00.000-07:002010-07-04T20:38:34.540-07:00Bem alémAlém dos gestos<br />Além dos olhares<br />Além daquilo tudo que eu rejeito<br />Além do que eu tento tratar de esquecer<br />Além do que eu tento mudar<br />Além do que eu faço para mudar<br /><br />Sou eu, novamente me colocando contra a parede<br />Querendo saber quando esse teatro vai fechar as portas<br />Quando minha carta de demissão vai ser expedida<br />Para que não jogue todos os papéis fora novamente<br /><br /><br />Deixe-me inalar algo que não seja a realidade<br /><br /><br />Como? Você vai já descobrirIsoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6058338441904908706.post-9798103723103671632010-06-17T22:46:00.000-07:002010-06-17T22:52:06.241-07:00Demagogia amorosa<span style="font-style:italic;">E eu te adoro. Aliás, é pouco. Eu te amo. Todos os cheiros e luzes que você me proporcionou são suficientes para isso. Tu me deste os melhores momentos das últimas semanas que nenhum outro ser que passou por mim poderia me dar. Por isso já posso esbravejar aos quatro ventos a palavra mais forte que o ser humano tem e talvez a mais utilizada. Nós, de mãos dadas agora, podemos mostrar a todos que nossa felicidade é superior.<br />Seria mesmo isso o amor que o resto dos humanos julga ser? Esse tremor nas mãos que em todas as páginas ditam ser amor não pode ser algo diferente? Talvez não. É difícil acreditar que tantas páginas sejam escritas só para parecerem felizes. Acreditar nisso não funcionou nas outras vezes, mas o que posso fazer além disso? Desacreditar na sinceridade das páginas e na beleza dos sorrisos esboçados nas praças?</span><br /><br />Algumas páginas, beijos e suor compartilhados entre eles e outros...<br /><br /><span style="font-style:italic;">Eu te odeio! Como pude acreditar que <span style="font-weight:bold;">meu sentimento tão sincero</span> era correspondido? Nossos olhares ao redor não significaram nada além de mais oportunidades? Controlei-me à toa ao recusar todos os outros amores disponíveis? Irei me agarrar ao primeiro que se apresentar e se mostrar melhor que tuas (in)jur(i)as.</span><br /><br /><br />E eu, que sempre escolho minhas palavras como se estivesse as levando para casar, estranho e sangro, mesmo sem saber se aquilo realmente tem uma fina camada de desespero ou de interesses exteriores, cada vez que essas palavras ou semelhantes me golpeiam, mesmo sem querer:<br /><br /><br /><br /><span style="font-style:italic;">Hey, você! Eu acho que te amo!</span><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />Feliz dia dos namorados atrasado, minha gente!Isoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6058338441904908706.post-28333242033301373952010-05-22T23:43:00.000-07:002010-05-23T00:17:40.455-07:00Ana: Falida e OpacaAna, tu te lembras?<br /><br />Um dia, quanto tu querias fazer de teus olhos centro do universo e construir ao redor deles uma imensidão de cores e sentimento, te disseram que era tolice querer brilhar. Fizeram-te opaca quando tu emanavas luz e calor, podendo iluminar até os mais distantes.<br /><br />Tu perdeste cor, Ana.<br /><br />O vento, viajante e sombrio, levou com ele o pulsar de tua voz e o som de teu abraço. Agora tu, como qualquer outro objeto, precisas ser iluminada para que alguém veja que tu ainda existes. Aqueles que da escuridão vieram e escuros permaneceram fizeram de ti fonte de sorriso efêmero. Quando tremiam ao rir de ti, na verdade eram suas entranhas que estavam se retorcendo ao lembrar de suas próprias mazelas.<br /><br />E tu pensavas que a errada era tu, Ana!<br /><br />Deixaste o mundo te devorar para que tu virasses massa. E hoje tu vês que todos desejam ser foco, e não parte. Fizeram de ti exatamente o que queriam: Tornaram-te transparente, Ana, para que não vissem que tu valias a pena. Tu nasceras luz, e eles não suportaram a ideia de não terem nascido do mesmo jeito.<br /><br />E agora tu só querias iluminar um só ser.<br /><br />Com que forças tu fará isso, Ana?<br /><br /><br /><br />P.S.: O texto original não tinha esse final. Mas fazer o quê? O vento e nem a massa perdoam.Isoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6058338441904908706.post-36607278162989108182010-03-14T23:50:00.000-07:002010-03-14T23:51:27.090-07:00Ruminando...- Por que eu atraso pras coisas realmente necessárias e chego cedo nas supérfluas?<br /><br />- Por que agora eu tenho mania de colecionar fotos 3 X 4?<br /><br />- Por que eu sinto nojo de pessoas que compram só por comprar, mesmo sabendo que aquilo pode estar suprindo alguma atenção que lhe falta?<br /><br />- Por que muitos acham que eu faço muito e eu acho que faço tão pouco?<br /><br />- Por que meu orgulho é tão grande que me deixar passar vergonha às vezes?<br /><br />- Por que pra mim é tão difícil dizer que amo alguém?<br /><br />- Por que eu me sinto triste quando menstruo, já que ali é metade de um possível ser humano, e dificilmente haverá um homem que se sente triste quando libera milhões de espermatozóides à toa?<br /><br />- Por que eu fiquei calada por tanto tempo, quando minha palavra poderia ter mudado totalmente o rumo das coisas?<br /><br />- Por que eu ainda me pergunto tolices?<br /><br />- E por que eu não sei responder essas tolices?<br /><br /><br /><br /><br />Deus, me desculpe, mas estou tentando me entender primeiro pra depois te entender melhor. Sei que esse é o único meio de fazer isso, mas sua filha aqui é meio lenta. Com paciência, ainda vou te mostrar que sirvo pra alguma coisa. Continue assistindo.Isoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6058338441904908706.post-46273705515795556582010-01-29T22:20:00.000-08:002010-05-23T00:23:50.257-07:00Algo perdidoCorpo, espelho de minha falha<br />Tentas arrastar minha alma à tua farsa<br />Mas antes que me leves para a mais destilada desgraça<br />Irei desatar-me de tuas correntes de avareza<br /><br />Caio nas mais tolas armadilhas de carne<br />E mesmo que eu escape sagazmente<br />Tu usas outros prisioneiros para me julgar<br />Usufruis da minha própria lama para me afogar<br /><br />Triste fase de vangloriada efemeridade<br />Tantos choram partindo<br />Tantos choram para não partir<br />E eu imploro por forças para merecer sair<br />Herculeamente não posso seguir<br />Antes que queira forçar uma errônea saída<br /><br />Tortura nauseante é encarar-me entre as pratas<br />Deus, como pude ser capaz de tal selvageria?<br />Transformei razão em veneno<br />Em vez de coragem, usei de covardia<br />Para ofender, sem qualquer lampejo de lucidez<br />Quem tanto bem eu queria<br /><br />Agora, seguindo em meu baile de doces máscaras<br />Espero perdão, mesmo que seja improvável<br />Não de quem perfurei a chaga já aberta<br />Que, aliás, já me perdoara... Minha doce criatura<br />Mas espero perdão de quem vê a própria chaga apodrecer e não faz nada<br />Rogo o perdão a mim mesma, mas me nego a me deixar ir<br />Prefiro ver a dor do que negligenciar minha culpaIsoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6058338441904908706.post-37063888036402789732009-10-26T15:05:00.001-07:002010-05-23T00:27:56.743-07:00Vazio movimentoEmpurrões e xingamentos. Cara feia e escoriações. Mau cheiro e muito bom cheiro. Ter que lidar com isso todo dia é, no mínimo, cansativo. Ser transportado de um lugar para outro com várias pessoas amontoadas que você geralmente não conhece é uma experiência que muita gente reza para não ter que passar. Motivo? Não são os empurrões e muito menos o mau cheiro.<br />Dentro de um lugar como esse é bom ter a cabeça cheia de idéias, pois sem elas você não se sentirá com a leve calma de não pensar em nada. Você se sentirá vazio. É como se fosse só mais um prego na caixa de um carpinteiro, que não fará diferença se cair por uma fresta. Às vezes é bom se sentir “coletivo”, mas quando se sabe que há uma função para você. Ali é torturante se olhar através do vidro, pois não verá só a si, mas vários rostos em conjunto, sem individualidade alguma.<br />A “dor” diminui quando se está em um transporte mais individual, podendo até ser divertido, sem perder a essência da coletividade sem objetivo. Torna-se até mais “doloroso” do que um que cabe várias pessoas quando há vários com poucas pessoas dentro. Há um sentimento de destruição (sim, sou meio “eco chata”) e de solidão tão grande que só uma paisagem natural e pacífica traria calma. O urbano não faz mais sentido. Aliás, nunca fez pra mim.<br />Ora, ora, quem sou eu para dizer que algo não faz sentido? Talvez faça, mas não sou ninguém para dizer algo assim. Sou viciada na matéria e na boa parte dos prazeres que ela proporciona, e não me orgulho disso. Odeio a idéia de ser apegada a algo tão efêmero. Queria ter a calma de quem acha que sua existência se resume a isso e que seu destino se resume a dois caminhos. Como não consigo ser assim, inquieto-me com esse tipo de situação e a com a indiferença ou até diversão das pessoas com esse tipo de coisa. Sou pedante? Acho que não chega a tanto.<br />Estou pedindo um teleporte? Só se eu não tivesse consciência de em que estágio o mundo está. Também não peço mais calma das pessoas, não quero nada artificial. Não peço nada, pois não tenho o dom de pedir. Só dou um conselho: tente não perceber o mundo a sua volta. Só lhe fará ver o quanto você poderia ser melhor e estar num lugar melhor. Por um período, viaje para um mundo onde a diferença realmente existe e não te faz pior ou melhor, enquanto te transportam para outro destino qualquer.<br /><br />Obs: Se você pensa diferente, ótimo. Você está mais próximo da sanidade.Isoldahttp://www.blogger.com/profile/17818711511634871388noreply@blogger.com2